Dois santos para entender o Papa Francisco

Octávio Carmo, Agência ECCLESIA

São duas vidas gastas pela Igreja Católica as que no dia 14 de outubro chegam ao reconhecimento universal da santidade: o Papa Paulo VI e D. Oscar Romero. Figuras de referência do século XX, na transformação das comunidades católicas, tanto no centro, o Vaticano, como nas periferias, simbolizadas pela luta em favor do povo de El Salvador.

Simbolicamente, é o Papa Francisco a determinar a canonização de dois homens da Igreja que servem como referência a várias opções do atual pontificado. Decidiu fazê-lo durante o Sínodo dos Bispos dedicado às novas gerações, com a presença de bispos de todo o mundo.

A biografia divulgada pelo Vaticano, aquando da sua beatificação, referia que Paulo VI sofreu muito por causa das crises que afetaram repetidamente o corpo da Igreja, durante a sua vida, tendo respondido com uma corajosa transmissão da fé, garantindo a solidez doutrinal num período de mudanças ideológicas.

D. Oscar Romero, arcebispo de El Salvador, foi morto a tiro em 1980, às mãos da junta militar que dominava o país; foi beatificado como “mártir” da fé católica a 23 de maio de 2015. Nos três anos em que serviu as comunidades católicas da capital de El Salvador, o arcebispo Romero denunciou a repressão do regime militar e da violência praticada pelos esquadrões da morte. Foi morto porque escolheu a perspetiva da Igreja Católica, atenta à paz, à justiça e à verdade evangélica.

 

“Não matarás! É terrível. Oxalá me ouvissem homens que têm as mãos sujas. São muitos, infelizmente, porque também é homicida o que tortura. Ninguém pode levantar a mão contra outro homem, porque o homem é imagem de Deus”

D. Oscar Romero

 

“Desde este centro católico romano não há ninguém, em princípio, a que não possamos chegar; Por princípio, todos podem e devem ser atingidos. Para a Igreja Católica, não há ninguém que seja estranho, ninguém está excluído, ninguém está longe. Esta saudação universal, dirigimo-la também, finalmente, a vós os homens que não nos conheceis; homens que não nos compreendeis; e também a vós os homens que, talvez pensando proceder bem, estais contra nós! Uma saudação sincera, uma saudação discreta, mas cheia de esperança; e hoje, acreditai, cheia de estima e de amor”

Homilia do Papa Paulo VI na clausura do Concílio Vaticano II

 

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