Dia Mundial do Doente: Papa denuncia «vírus» social do individualismo e indiferença

Francisco enviou mensagem para webinar promovido pelo Vaticano, evocando impacto da pandemia

Foto: Lusa

Cidade do Vaticano, 10 fev 2022 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje para o “vírus” social individualismo e indiferença, destacando as suas consequências na área da saúde.

“O individualismo e a indiferença pelo outro são formas de egoísmo que, infelizmente, se amplificam na sociedade do bem-estar consumista e do liberalismo económico; as consequentes desigualdades também se encontram no campo da saúde, onde alguns gozam da chamada excelência e muitos outros têm dificuldade de acesso aos cuidados básicos”, refere, numa mensagem divulgada pelo Vaticano.

A intervenção, em vídeo, foi apresentada durante o webinar comemorativo do 30.º Dia Mundial do Doente (11 de fevereiro), que aborda a história e o significado desta jornada, organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé).

Francisco defende o reconhecimento da dignidade comum a todas as pessoas, como base da fraternidade e receita para “outros tipos de patologias que ameaçam a humanidade e o mundo”.

“Para curar este vírus social, o antídoto é a cultura da fraternidade, fundada na consciência de que somos todos iguais como pessoas humanas, todos iguais”, precisa.

O Papa convida a cuidar dos doentes de “forma integral”, com atenção a “corpo, mente, afetos, liberdade e vontade, a vida espiritual”.

A mensagem destacou que a doença impõe uma “questão de sentido”, citando a experiência pessoal de São João Paulo II (1920-2005), e a carta apostólica ‘Salvifici doloris’ (11 de fevereiro de 1984) do pontífice polaco: “Ao descobrir, pela fé, o sofrimento redentor de Cristo, o homem descobre nele, ao mesmo tempo, os próprios sofrimentos, reencontra-os, mediante a fé, enriquecidos de um novo conteúdo e com um novo significado”.

Francisco elogia a ação da Igreja Católica no campo de saúde, em todos os continentes, saudando esta “vocação e missão para o cuidado humano” e pedindo que “não falte proximidade com as pessoas que sofrem”.

A intervenção conclui-se com uma mensagem a todos os que cuidam dos doentes, na vida e no trabalho.

“Rezo de modo particular por todos os doentes, em todos os cantos do mundo, especialmente por aqueles que estão mais sozinhos e não têm acesso aos serviços de saúde. Queridos irmãos e irmãs, confio-vos à proteção materna de Maria, Saúde dos Doentes”, indica o Papa.

As celebrações do Dia Mundial do Doente 2022 decorrem de forma solene no Vaticano, incluindo a celebração da Missa, esta sexta-feira, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), presidida pelo cardeal Peter Turkson.

OC

Dia Mundial do Doente: Papa defende acesso universal a serviços de saúde

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