Dia do Exército: D. Rui Valério condena operações militares que destroem escolas e hospitais e a morte de vítimas inocentes

Administrador Apostólico da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança presidiu à Missa em honra do patrono do Exército Português e apontou D. Afonso Henriques como «fonte de sentido para todas as batalhas»

Foto Ordinariato Castrense

Coimbra, 24 out 2024 (Ecclesia) – O administrador Apostólico do Ordinariato Castrense de Portugal lembrou hoje o patrono do Exército português, afirmando que ao contrário de situações de história recente, D. Afonso Henriques “oferece a fonte de sentido para todas as batalhas que travou”.

“Assistir à destruição de escolas e hospitais; testemunhar a morte de vítimas que as próprias circunstâncias da idade, ou do estado de saúde, apelidam de inocentes, remete-nos para um outro universo que, decididamente, não foi o de D. Afonso Henriques”, afirmou D. Rui Valério, na homilia da Missa, no dia do Exército português, que decorreu na Igreja Santa Cruz, em Coimbra.

Segundo o patriarca de Lisboa, o patrono do exército português “oferece a fonte de sentido para todas as batalhas que travou, incutindo no Exército Português esse sentido de caminhar e atuar sempre sob a luz dos Valores e dos Princípios”.

Na homilia enviada à Agência Ecclesia, D. Rui Valério recorda que D. Afonso Henriques reservou a ação militar “exclusivamente para a defesa dos mais elevados e nobres valores” e que “jamais canalizou para outro fim que não fosse o serviço à autodeterminação da Nação, e à promoção da dignidade do ser humano”.

“Ele estabelecia uma ligação entre a ação militar e a sua razão quando fazia acompanhar toda a atuação de um ethos, de um motivo. Jamais cedera agira por arbitrariedade ou cegueira. Ele mostrou como, por detrás de cada investida, de cada luta, existia uma justificação”, sublinhou.

D. Rui Valério deixou um “bem-haja ao Exército”, referindo que “sempre que Portugal mergulhava no desespero, ou se perdia em crises tenebrosas, os seus militares souberam elevar alto o animo esperançoso da Nação”.

Foto Ordinariato Castrense

“Quando conheceu etapas de ocupação, o Exército foi capaz de gerar na alma lusa a força da autodeterminação e independência; e em tempos de bloqueio e paralisia, acendeu o esplendor da liberdade; nos momentos de retrocesso, apontou o rumo do desenvolvimento”, desenvolveu.

O patriarca de Lisboa mencionou também a vivência autêntica de comunhão de Deus de D. Afonso Henriques, dando conta que, segundo os monges de Santa Cruz, que habitaram aquele mosteiro, era nas fontes “da oração que o monarca encontrava fortaleza para ir em frente na formação da nação”.

“Era na luz da fé que ia procurar aquela inspiração para nunca desistir dos combates”, realçou.

D. Rui Valério propôs contemplar “até que ponto a experiência espiritual foi significativa e importante para Dom Afonso Henriques”.

“Se a sua prestação em São Mamede, ou em Lisboa, ou Ourique ou Santarém, foi decisiva para a formação da Nação Portuguesa, não o foi menos a sua experiência espiritual da visão do Cristo Crucificado a irradiar raios de luz para esculpir as cinco quinas da nossa amada bandeira nacional”, assinalou.

O patriarca identificou semelhanças entre o primeiro rei de Portugal e o profeta Moisés: “Moisés reuniu o povo de Israel, escravo no Egito, e conduziu-o à terra prometida, do qual tomou posse; e o povo assumiu como seu aquele território que se tornou na sua Pátria (cf Ex 3)”.

“Afonso Henriques lutou por uma Nação e conduziu o povo ao estabelecimento de uma pátria” e Moisés “foi constituído mediador entre a realidade do povo e Deus”, referiu.

A Eucaristia foi concelebrada por vários capelães militares e contou com a presença de diversas entidades, incluindo o Chefe de Estado Maior do Exército, General Eduardo Mendes Ferrão, e os presidentes das Câmaras Municipais de Coimbra e da Guarda, entre outros, informa o Ordinariato Castrense.

O dia do Exército comemora-se a 24 de Outubro, data em que se celebra a tomada de Lisboa, 1147, pelas tropas de D. Afonso Henriques, patrono do Exército Português.

Guarda recebe este ano as celebrações em torno desta data, realizando-se a Eucaristia pelo Exército, no domingo, na Sé da Guarda, presidida pelo administrador apostólico, D. Rui Valério.

Entre as diversas atividades agendadas para esta semana, hoje tem lugar um concerto de música eletrónica na tenda do Parque Urbano do Rio Diz.

A partir das 21h30,o DJ padre Guilherme entra em palco com a Banda Sinfónica do Exército e a artista local Mafalda Santos, informa o Exército Português.

Durante a noite ai haver também um lançamento de paraquedistas e um espetáculo de fogo de artifício.

LJ/PR

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