Dia da Mãe: «Poderia acontecer a uma de nós, não imagino o que estão a viver» – Inês Teles 

Família de acolhimento de três mães ucranianas mobilizou a comunidade de vizinhos para ajudar

Lisboa, 30 abr 2022 (Ecclesia) – Inês Teles disponibilizou uma casa para acolher refugiados ucranianos e disse à Agência ECCLESIA que sente que o drama que estão a passar “poderia acontecer” a qualquer pessoa e que se inspira no “coração destas mães para ser melhor”.

“Poderia acontecer a qualquer uma de nós, não imagino o que estão a viver. Eu fiz muito pouco, o mínimo”, refere Inês Teles, em declarações à Agência ECCLESIA.

A mãe de família, do concelho de Cascais, sentia este desejo de acolher uma família ucraniana e, na empresa do marido surgiu o pedido de ajuda, “através de um funcionário ucraniano” e proporcionou-se a ajuda a três mães que fugiam da guerra.

“Tínhamos uma casa fechada, a precisar de obras, disponibilizámos e a ajuda foi muito grande, mesmo dentro da comunidade ucraniana: ajudaram nos trabalhos necessários de arranjar e montar a casa, depois surgiu uma grande mobilização dos nossos vizinhos, uma comunidade muito unida aqui na Parede”, conta.

A casa foi “mobilada com doações”, houve “ajudas de associações” e procuraram “escolas para integrar as crianças”.

Há cerca de um mês chegaram Oksana Yaroshenko, Olena Kozyr e Olha Lazina, três “mães coragem” que, segundo Inês Teles, vinham “em estado de choque, pareciam ausentes”.

Oksana encontra-se em fase de integração em Portugal, onde chegou há um mês com um filho de dois anos e meio, e deixou o marido na Ucrânia, um “militar na linha da frente”.

“Ninguém acreditava que ia começar…  Atravessaram a Ucrânia quando estavam a bombardear, havia choque, impacto e choque de voos e explosões pelo caminho. Nos quilómetros à frente não se sabia que esperar”, conta.

Olena Kozyr é costureira, vivia com marido e filho em Kharkiv, uma das maiores cidades da Ucrânia. O filho de 17 anos tinha o sonho de entrar na faculdade mas “tiveram de fugir quando começaram a bombardear, foi muito duro”.

“O meu marido, engenheiro de manutenção num hospital, não queria sair porque tinha muitas pessoas ao seu encargo, uma profissão de responsabilidade mas com tanta destruição ele ponderou que podia ficar sem a pessoa que mais ama, mulher e filho”, indica.

Olha Lazina estava para ir de férias com o marido e os dois filhos quando o aeroporto ficou sob suspeita de bombardeamento, seguiram-se “momentos de incertezas e dor, a fugir da capital, ate à casa da mãe, a cerca de 100 km”.

O marido levou-os até à fronteira da Ucrânia, esta mãe e os dois filhos de 11 e 7 anos, e vieram para Portugal, onde as crianças já estão integradas na escola.

“No início foi muito complicado, mesmo da Polónia quando passava voo eles apanhavam susto enorme e as crianças ficaram traumatizadas … e tinham vontade de esconder-se”, afirma de lágrimas nos olhos.

Em Portugal há cerca de um mês, Olha sente-se grata pelo acolhimento, pela “abertura das fronteiras e portas e seu coração”.

Estes testemunhos integram o programa 70×7 deste domingo, 1 de maio, na RTP 2, pelas 17h30, sob o mote “Mães Coragem da Ucrânia”.

SN

 

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