Covid-19: Novo presidente da Cáritas Diocesana de Coimbra teme consequências do «desastre económico» provocado pela pandemia

«Não entendo a relutância em obter apoio dos privados», diz cirurgião Manuel Antunes, a respeito da gestão dos cuidados de saúde

Foto: Cáritas Diocesana de Coimbra

Lisboa, 13 nov 2020 (Ecclesia) – O cirurgião Manuel Antunes, novo presidente da Cáritas Diocesana de Coimbra, defende que a assistência aos doentes não-Covid pode ser prestada pelos hospitais do setor privado e da rede social, para otimizar a resposta à pandemia.

O convidado da entrevista semanal conjunta Renascença/Ecclesia, que vai ser emitida e publicada este domingo, o responsável, que tomou posse do cargo esta terça-feira, refere que “o Estado não pode acorrer a tudo e, se calhar, até nem é conveniente que o faça”.

“O pilar da prestação de cuidados sociais devem ser as Instituições Particulares de Solidariedade Social”, indica Manuel Antunes.

O médico admite que haveria muitos imponderáveis na resposta à crise provocada pelo novo coronavírus, mas mostra-se “crítico” perante a “relutância” em recorrer à ajuda dos privados e até do setor social ligado à prestação de cuidados de saúde.

“As estruturas privadas não foram preparadas para ter doentes Covid, mas podiam fazer o tratamento das outras doenças que não podem ser tratadas” nos hospitais públicos, por falta de camas, precisa.

O entrevistado admite uma “ligeira mudança” na política que estava a ser seguida, esperando que nos próximos meses se verifique uma fase descendente da pandemia e, quando chegar a vacina, “assunto se resolva”.

“Não se vai resolver imediatamente, sobretudo os problemas sociais, que vão ficar como sequelas, como cicatrizes, desta crise enorme. Isso vai demorar anos”, adverte, recordando que a primeira vaga “quase destruiu a economia do país”.

Manuel Antunes refere que aceitou o convite do bispo de Coimbra para liderar a Cáritas Diocesana como uma “missão de cidadania”, destacando a dimensão de uma instituição com mais de mil funcionários, 140 serviços e um orçamento de 20 milhões de euros.

“Pelo desastre económico que a pandemia constituiu, há de haver muita gente com dificuldades que não sentia antes”, aponta.

O médico manifesta a sua admiração pela figura do Papa Francisco e fala do papel da fé católica na sua vida, desejando que a Cáritas possa “também ajudar as pessoas a restaurar e a recuperar a fé que possam ter perdido, devido às dificuldades que a vida lhes trouxe”.

Com mais de 35 mil cirurgias ao coração no currículo, Manuel Antunes diz-se “totalmente contra a eutanásia”, considerando que este é “o pior momento” para o Parlamento decidir sobre a matéria.

Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

Problemas sociais vão ficar «como cicatrizes, desta crise enorme» – Manuel Antunes


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