China: Secretários de Estado do Vaticano e EUA debateram acordo entre Pequim e a Santa Sé

Cardeal Pietro Parolin diz que defesa da liberdade religiosa é «marca distintiva» da diplomacia católica

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 01 out 2020 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Piro Parolin, recebeu hoje em audiência Michael Pompeo, secretário de Estado dos EUA, analisando as posições das duas partes sobre o acordo que a Santa Sé está a negociar com Pequim.

Em declarações aos jornalistas, o porta-voz do Vaticano assinalou que os dois responsáveis “apresentaram as respetivas posições quanto às relações com a República Popular da China”, num ambiente de “respeito” e “cordialidade”.

“Também se falou de algumas áreas de conflito e crise, especialmente o Cáucaso, o Médio Oriente e o Mediterrâneo Oriental”, acrescenta Matteo Bruni.

A reunião, de cerca de 45 minutos, contou com a presença do secretário do Vaticano para as relações com os Estados, D. Richard Gallagher.

“Como é sabido, nas últimas semanas algumas declarações do secretário de Estado Pompeo, contrárias ao Acordo Provisório assinado há dois anos entre a Santa Sé e a República Popular da China, suscitaram discussões nos meios de comunicação. A Santa Sé, como repetidamente afirmou o cardeal Parolin, pretende propor a renovação do acordo ainda de forma provisória, sublinhando o seu carácter genuinamente pastoral”, indica o portal ‘Vatican News’.

O secretário de Estado do Vaticano participou esta quarta-feira num simpósio sobre a liberdade religiosa, promovido pela embaixada dos Estados Unidos junto da Santa Sé, sobre o tema “Promover e defender a liberdade religiosa a nível internacional, através da diplomacia”.

O cardeal Parolin destacou que defender e promover a liberdade religiosa é uma “marca distintiva da diplomacia da Santa Sé”.

Michael Pompeo tem criticado o acordo da Santa Sé com Pequim, pedindo uma posição mais crítica em relação às violações da liberdade religiosa no país asiático.

“Em nenhum outro lugar como na China a liberdade de culto é tão atacada”, disse o chefe da diplomacia norte-americana.

O portal de notícias do Vaticano adiantou na terça-feira que a Santa Sé vai propor à China a renovação de acordo sobre a nomeação de bispos, em vigor até 22 outubro.

Andrea Tornielli, diretor editorial da Secretaria para a Comunicação do Vaticano, destaca, em nota explicativa, que o Acordo Provisório assinado a 22 de setembro de 2018 entre a Santa Sé e a República Popular da China, relativo à nomeação de bispos, previa uma duração experimental de dois anos, “antes de qualquer confirmação definitiva ou outra decisão”.

OC

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