Bíblia: «Nenhuma tradução esgota a riqueza de um tesouro tão grande» – padre Mário de Sousa

Coordenador da comissão responsável pela nova tradução em português faz balanço positivo do trabalho realizado nos últimos anos

 

Portimão, 03 set 2024 (Ecclesia) – O padre Mário de Sousa, coordenador da comissão responsável pela nova tradução da Bíblia em português, mostrou-se satisfeito com o trabalho desenvolvido nos últimos anos, valorizando o projeto lançado pela Conferência Episcopal (CEP).

“Nenhuma tradução esgota a riqueza de um tesouro tão grande como é a Escritura Sagrada”, refere o especialista, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Para o presidente da Associação Bíblica Portuguesa, a nova fase deste trabalho, com uma segunda edição dos Evangelhos, mostra a “riqueza” dos textos e a importância de levar as pessoas a “aproximar-se” de um “tesouro antigo de onde se podem retirar sempre coisas novas”.

Em março de 2019, a CEPapresentou o primeiro volume da nova tradução da Bíblia em português feita por dezenas de investigadores a partir das línguas originais, com a publicação da edição de ‘Os Quatro Evangelhos e os Salmos’.

“Uma nova tradução é sempre uma riqueza, porque é uma nova aproximação que nos ajudará a entender e a aprofundar cada vez mais essa Palavra”, sublinha o padre Mário de Sousa.

O responsável recorda que a decisão de se avançar para este projeto responde a uma orientação da própria Santa Sé, que pede a cada comunidade linguística um texto “oficial”, para as celebrações litúrgicas e catequese.

O processo remonta a 2012, quando a CEP decidiu promover uma nova tradução da Bíblia para uso oficial da Igreja Católica em Portugal, formando uma comissão que inclui bispos, membros da Associação Bíblica Portuguesa e os diretores dos secretariados da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade e da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé.

O padre Mário de Sousa assinala a necessidade de traduzir “textos que não foram escritos em português”, respeitando “o sentido literal”, mas sem “literalismos”.

Para o sacerdote da Diocese do Algarve, a CEP adotou um critério “original”, ao procurar “envolver o Povo de Deus” nos trabalhos de tradução, para tornar o texto mais “percetível”.

“Procuramos encontrar aqui um ponto de equilíbrio entre respeitar a literalidade, que é uma das exigências da Santa Sé, e, por outro lado, que essa literalidade não se torne num literalismo tal que o texto, em vez de ser percebido, se torna um obstáculo”, precisa.

Para o coordenador da comissão responsável pela nova tradução, esta aposta “resultou”, permitindo recolher comentários e contributos que são levados em consideração na apresentação das segundas versões dos Evangelhos, por exemplo.

“O balanço é positivo, nessa experiência”, indica o padre Mário de Sousa.

Em entrevista ao Programa Ecclesia, emitida hoje na RTP2, o biblista admite que a primeira edição estava “muito literalista”, com “expressões que não se entendiam”.

“O texto é sempre submetido depois da tradução pelos especialistas, pelos biblistas, a pessoas formadas com uma maior formação específica na linguagem e no português”, explica.

As novas traduções são apresentadas ao público em geral, mensalmente, com publicação na Agência ECCLESIA, permitindo apresentar “alguma observação que seja pertinente” à comissão.

A tradução provisória dos vários textos bíblicos está disponível para download no site da Conferência Episcopal Portuguesa.

OC

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