O Grupo ecuménico de Dombes, um dos mais respeitados núcleos de reflexão teológica nesta área, avalia de forma positiva a recepção do seu documento sobre a questão da autoridade na Igreja. O texto, intitulado “Um só Mestre. A Autoridade Doutrinal na Igreja”, é o resultado de um projecto de seis anos entre teólogos Católicos e Protestantes, no qual se analisaram pontos de vistas divergentes e propostas específicas destinadas a promover a unidade. Após o documento sobre a figura de Maria, em 1999, o grupo – fundado em 1937 e que junta cerca de 40 teólogos católicos e protestantes de língua francesa – aborda um dos problemas mais importantes no processo de comunhão entre os cristãos. O tema escolhido está longe de gerar consensos e de ser simples: a estrutura hierárquica “piramidal” da Igreja Católica, na qual o Papa tem um papel de destaque, contrasta com a autonomia das Igrejas da Reforma, marcadas por uma “dispersão” doutrinal. As pontes poderão ser construídas desde o que existe de comum: as fontes da Autoridade. A Escritura, a confissão de Fé, os Concílios ecuménicos, os Padres e Doutores da Igreja, teólogos e ministros. A prática, contudo, apresenta diferenças profundas, mesmo na referência fundamental que é a Bíblia: Católicos e Protestantes têm modos muito diferentes de lê-la. A concepção da Salvação e do magistério da Igreja também diferem muito. O capítulo das recomendações pede aos Protestantes que considerem a “dimensão pessoal” da autoridade, afirmando que ela não pode ser exclusivamente colegial. Aos Católicos é pedido que procurem uma interpretação mais actualizada de antigos textos doutrinais e uma maior “sinodalidade”. A questão da infalibilidade do Papa também merece um reparo, que procura uma solução de compromisso: atendendo a que tem sido pouco “utilizada”, o documento sugere que seja utilizada apenas em “casos excepcionais”. No último encontro do Grupo, que decorreu nos últimos dias na abadia de Pradines, foi feito o primeiro balanço deste documento. “O bom acolhimento que esta obra registou, apesar de enfrentar um assunto técnico, denota a actualidade das questões colocadas e o interesse pastoral que suscitam”, refere um comunicado de Dombes.