Ano C – 5.º Domingo da Quaresma

O amor de Deus converte-nos ao acolhimento do próximo

Estamos no quinto domingo da Quaresma, quase a terminar este precioso tempo de intensa renovação das nossas vidas em Cristo. No seguimento do apelo à misericórdia, no domingo passado, somos hoje convidados a pormo-nos de pé e a viver de maneira diferente: “vai e não tornes a pecar”. Um reiterado convite à conversão permanente!

No Evangelho, Jesus é posto face à Lei, diante de uma mulher que, segundo a Lei, deveria ser delapidada por ter sido apanhada em flagrante delito de adultério. Jesus não rejeita a Lei, pede apenas aos escribas e fariseus para a colocar em prática, com a condição de começarem a ter um olhar sobre a própria vida antes de olhar a mulher e de a condenar. Acabam por se retirar, reconhecendo-se pecadores, a começar pelos mais velhos.

Jesus, que não tem pecado, até podia lançar a pedra, mas não o faz. Ele veio para salvar, não para condenar. Pedindo à mulher para não voltar a pecar, dá-lhe nova oportunidade. Para Jesus, ela não é apenas uma mulher adúltera, é sobretudo alguém capaz de assumir outro sentido na vida. Oferecendo-lhe a sua graça, agraciou também os escribas e os fariseus, colocando-os no caminho da conversão, eles que tinham aberto os olhos não somente sobre a mulher, mas sobre si próprios.

Este episódio do Evangelho sinaliza toda a liturgia da Palavra de hoje que nos fala, de modo sempre novo, de um Deus que ama e cujo amor nos desafia a ultrapassar as nossas escravidões para chegar à vida nova, à ressurreição.

A primeira leitura de Isaías diz-nos que Deus acompanha com solicitude e amor a caminhada do seu Povo para a liberdade, o mesmo caminho que somos chamados a percorrer hoje.

Na segunda leitura, Paulo desafia-nos a libertarmo-nos do lixo que impede a descoberta do fundamental: a comunhão e a identificação com Cristo, princípio da nossa ressurreição.

Mais uns dias em Quaresma, até ao próximo domingo de Ramos. Ao longo desta semana, a convite de Jesus, olhemos a nossa situação de pecado e abramos o coração ao amor de Deus e ao acolhimento do próximo.

Como Igreja que somos, procuremos fazer das nossas comunidades cristãs espaços abertos e acolhedores daqueles que habitualmente são excluídos e considerados lixo. E sabemos como é longa a lista das pessoas que habitualmente são tomadas como lixo e estorvo nos nossos meios!

Aos olhos de Deus, todos valem, ninguém fica de fora. Procuremos ser, como pessoas e comunidades cristãs, autênticos oásis de misericórdia e de acolhimento, procuremos ser Igreja cada vez mais unida no amor, no diálogo e na reconciliação. Que todos, sem exceção, tenham espaço no nosso coração e no coração das nossas comunidades!

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

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