Governo regional concedeu tolerância de ponto à administração pública nas ilhas de São Jorge, Pico e Faial, dia 22
Angra do Heroísmo, Açores, 16 mai 2018 (Ecclesia) – A Diocese de Angra assinala que o arquipélago dos Açores vai viver a “festa” do Divino Espírito Santo, com “mais de cem os impérios e os bodos” nas nove ilhas, a partir da Solenidade de Pentecostes.
“Este culto secular potencia a vivência de atitudes e valores verdadeiramente humanistas e solidários, como a distribuição de alimentos pelos mais pobres, as refeições oferecidas a todas pessoas e o convívio entre vizinhos e amigos”, informa o sítio online ‘Igreja Açores’.
O Arquipélago dos Açores vai celebrar a Festa do Divino Espírito Santo com “mais de cem impérios e bodos espalhados pelas nove ilhas” que vão sair à rua com “as coroações, os bodos e as funções”, a partir deste domingo, da solenidade de Pentecostes à da Santíssima Trindade, entre 20 e 27 de maio, “mas chegam a prolongar-se até ao verão”.
“A peculiaridade principal deste culto no arquipélago é ser popular e desenvolver-se sob a forma de império, com uma forte carga profética e política, sem qualquer pretensão de imitação de papéis ou destituição de poderes”, desenvolve a diocese sobre as festas do Espírito Santo que já começaram no domingo a seguir à Páscoa e vão atingir o “ponto alto”.
O presidente do Governo Regional dos Açores concedeu tolerância de ponto aos trabalhadores da administração pública regional nas ilhas de São Jorge, Pico e Faial na próxima terça-feira, dia 22, uma vez que as festividades “se prolongam para além da segunda-feira do Espírito Santo”, este ano a 21 de maio, o Dia da Região Autónoma dos Açores que vai ser celebrado no Concelho da Madalena do Pico.
“Tendo em consideração que a celebração do Espírito Santo se reveste de profundo significado para o povo açoriano, sendo o seu culto celebrado em toda a região”, lê-se no despacho assinado por Vasco Cordeiro, publicado esta segunda-feira no Jornal Oficial.
O Bodo e os Impérios marcam o ritmo do Domingo de Pentecostes, respetivamente, nas ilhas Terceira, onde “as festas têm uma força muito original”, e na do Pico onde realizam-se 45 Impérios e este ano vão ser oferecidas mais de 20 mil refeições, a maioria neste sábado e domingo de Pentecostes.
Nos Impérios realizam-se durante vários dias as festividades do Espírito Santo que têm um “ideal caritativo” e são compostas por “cerimónias religiosas e profanas”.
Segundo o sítio online da Diocese de Angra, nas festividades “veneram-se as insígnias do Divino”, reza-se o Terço à noite, perante a coroa e a bandeira, os bois são enfeitados e realiza-se a “procissão do vitelo”.
Os animais para o bodo são abatidos, “retalha-se a carne para a sopa, o cozido e a alcatra do jantar” e para as pensões a distribuir pelos pobres da freguesia”, e as esmolas – carne, pão e vinho – primeiro são “benzidas pelo sacerdote”, há também procissões, coroações e cantam “Veni Creator Espiritus”.
Outra tradição são as “centenas de quilos de açúcar” transformados em bonecos – o alfenim – para oferta nos Impérios do Espírito Santo e imagem mais comum é a pomba branca e há promessas “associadas a problemas de saúde”.
O sítio ‘Igreja Açores’ contextualiza ainda que o Império da Partilha ou do Amor está também presente nas comunidades açorianas na diáspora, com destaque para os Estados América do Norte, o Canadá e o Brasil.
Na ilha Terceira, os impérios prosseguem durante o verão, até ao Império de São Carlos, em setembro, um culto que está documentado desde 1492.
CB