Açores: Diocese em nove ilhas assume «maior dificuldade» na prática da sinodalidade

Documento final de Angra apresenta 20 «propostas para a mudança»

Foto: Agência ECCLESIA

Angra do Heroísmo, Açores, 11 jul 2022 (Ecclesia) – A Comissão Diocesana Coordenadora da Caminhada Sinodal em Angra identificou a dispersão geográfica como a “maior dificuldade” para a sinodalidade, nas comunidades católicas do arquipélago.

“A maior dificuldade à prática da sinodalidade na nossa Igreja dos Açores será o facto de serem nove ilhas dispersas e cada uma com as suas próprias características”, lê-se na síntese da Diocese de Angra para o Sínodo 2021-2023, convocado pelo Papa.

O portal ‘Igreja Açores’ informa que o documento começa por contextualizar o momento que a diocese vive, em sede vacante desde setembro de 2021, o mês anterior ao início deste processo sinodal na Igreja Católica, e, consequentemente, sem Conselho Presbiteral e Conselho Pastoral, e “incerteza” a qualquer programação a médio e longo prazo.

Segundo a Comissão Diocesana Coordenadora da Caminhada Sinodal de Angra, verifica-se um “desejo de mudança” e um descontentamento “com a situação geral da Igreja e da sociedade”.

“Os grupos excluídos deverão ser a prioridade de ação da sinodalidade, sem descurar o trabalho com aqueles que já caminham juntos”, refere o documento da diocese, que já estava numa caminhada sinodal diocesana há três anos.

Numa diocese onde “não se sente haver diálogo ou escuta”, apenas informação divulgada, é indicado a necessidade de ouvir todos aqueles que “por uma razão ou outra se afastaram da Igreja, ou da prática de vida eclesial”, mas que continuam a ter fé.

“Ouvir os divorciados, os recasados, os que se dizem agnósticos ou ateus; ouvir os jovens que, tocados pelos meios de comunicação social, têm uma visão deturpada da Igreja”, exemplificam os participantes no processo de consulta.

A síntese conclui que a Igreja “precisa sair para ouvir”, estar em contacto com as pessoas, alerta para a excessiva “pastoral de manutenção”, o envelhecimento dos leigos e para uma estrutura “extremamente hierarquizada”.

Segundo o documento da Diocese de Angra, enviado à Conferência Episcopal Portuguesa, a imagem da Igreja Católica na sociedade é a de uma instituição “envelhecida, tradicionalista, muito focada nos ritos e pouco focada na mensagem”.

A sociedade à margem é enorme e cada vez mais à margem, porque a Igreja não consegue transmitir a Palavra de forma eficaz, e os seus Cristãos encontram-se demasiado acomodados e não se desinstalam dos seus templos para ir ao encontro do outro, nas suas casas, nos seus empregos, nos seus tempos livres”.

Foto: Igreja Açores

A síntese tem 20 propostas concretas para a mudança, como acompanhar e aproveitar a dinâmica das Jornadas Mundiais da Juventude para a “evangelização com os jovens”, ou na linha da celebração dos 500 anos da Diocese de Angra – que assinala 488 anos no próximo dia 3 de novembro – ver qual o texto e contexto da realização de um Sínodo Diocesano “frutuoso e atual”.

A diocese, que espera um novo bispo desde a nomeação de D. João Lavrador para Viana do Castelo, no dia 21 de setembro de 2021, sugere “maior participação e celebridade” nestes processos, pede a valorização do “ministério da caridade” e “maior disponibilidade dos párocos para a escuta, acolhimento e acompanhamento”, contrariando a “cultura de atender”.

“Sobre a inclusão na fé e prática da Igreja ver a situação de casais de mesmo sexo que vivem em união de facto e pessoas que mudam de sexo, bem como outras formas de exclusão por razoes éticas”, e elaborar os planos pastorais a partir dos ‘gritos’ e das necessidades das pessoas, divulga o sítio online ‘Igreja Açores’.

O Sínodo 2021-2023, com o tema ‘Para Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação, missão, está a promover um processo global de escuta e mobilização das comunidades católicas, com etapas diocesanas, nacionais e continentais, antes da assembleia que o Vaticano vai receber, em outubro de 2023.

CB/OC

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