2020: «Percebemos o valor da relação direta entre seres humanos» – Bispo do Funchal

D. Nuno Brás afirma que 2020 convida, em primeiro lugar, «a repensar os critérios do quotidiano e da vida»

Funchal, Madeira, 31 dez 2020 (Ecclesia) – O bispo do Funchal disse hoje que num ano que parece existir “pouco para agradecer” percebeu-se “o valor da relação direta entre seres humanos”, manifestou-se “a coragem e a solidariedade” e existem diversos convites para os cristãos.

“Percebemos o valor da relação direta entre seres humanos, a necessidade que temos de estar presencialmente com aqueles que amamos, bem como o valor das conquistas tecnológicas que nos permitiram ser de algum modo presentes, ainda que fisicamente distantes”, assinalou D. Nuno Brás, na Missa do Final do Ano e ‘Te Deum’.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo do Funchal destacou que em 2020 percebeu-se a “necessidade de escutar e ser escutado, único modo de ultrapassar verdadeiramente a solidão”, e que “mais que em qualquer outro” ano existiu a “consciência” que se faz parte “de um todo que é a humanidade”, com lembrou o Papa Francisco a 27 de março, na Praça de São Pedro.

“Não podemos esquecer como também ao longo deste ano se manifestaram a coragem e a solidariedade”, assinalou.

Segundo D. Nuno Brás, o homem contemporâneo “tem a tendência a olhar apenas para o aqui e agora e entra em pânico quando não decorrem segundo a sua vontade” mas “o homem de fé vai adquirindo o olhar de Deus” que “convida a ver mais longe”.

“Não somos nós, seres humanos, a ocupar o lugar principal da história e da realidade. A vida, o tempo, a história encontram em Deus a sua origem e o seu fim, o seu centro, o seu sentido”, acrescentou.

O bispo do Funchal afirma que “à primeira vista” parece que há “pouco para agradecer neste ano que ficará para a história”, que parece que Deus “abandonou” toda a humanidade, “como se apenas os acontecimentos felizes constituíssem oportunidade de crescimento, progresso, salvação”.

“A economia, a segurança, o prazer, o poder e mesmo a ciência e a técnica não são tudo. Sobretudo devem ser olhados como instrumentos, meios, caminhos para a realização plena da nossa vida humana, de cada um e de todos”, desenvolveu.

D. Nuno Brás observou que as consequências desta pandemia “permanecerão por muito tempo, no modo de pensar e de viver” de um ano onde “ficou clara a fragilidade” humana, o valor da vida “foi colocado em relevo” mas na Assembleia da República aprovaram “a iníqua lei da legalização da eutanásia”.

“Diante do perigo, havia que salvar. Diante da morte, havia que procurar a vida. De todos. De um modo particular, dos mais vulneráveis, sobretudo dos mais velhos e frágeis”, referiu.

O bispo do Funchal explicou que este ano que está a terminar convida, “em primeiro lugar, a repensar os critérios do quotidiano e da vida”, “a dar mais valor ao outro”, à “humildade que o mesmo é dizer à verdade”, a “viver cada vez mais intensamente na fé” e deixar que “toda a existência seja vivida com Deus e para os outros”.

“Este ano cheio de dificuldades convida-nos a ser mais de Deus para sermos mais nós mesmos e mais para os outros e com eles”, realçou D. Nuno Brás que esta sexta-feira, preside à Missa da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, às 11h00, também na Sé do Funchal.

CB

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