Família: O perdão «é um ato unilateral de amor» – D. José Tolentino Mendonça

Arcebispo assinala que a família é um «grande laboratório de vida e de construção»

Fátima, 19 jul 2018 (Ecclesia) – O futuro arcebispo D. José Tolentino Mendonça afirmou hoje no Encontro Internacional das Equipas de Nossa Senhora que a parábola do «Filho pródigo» recorda às famílias que o perdão «é um ato unilateral de amor” de que todas as pessoas precisam.

“Graças a Deus, para a maior parte das coisas, basta apenas um «desculpa», um piscar de olho, um sorriso ou uma carícia”, disse, na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima.

D. José Tolentino Mendonça salientou que “também acontecem situações mais complexas” como a que na parábola do «Filho Pródigo» aparece traduzida na frase «já não sou digno de ser chamado teu filho», o versículo que orientou a meditação desta manhã.

Num dia dedicado ao “arrependimento”, o arcebispo disse aos cerca de 8500 casais de 75 países recordou que, numa das audiências públicas de quarta-feira, o Papa Francisco explicou «as três palavras-chave da família»: «Com licença», «obrigado» e «desculpa».

“Um necessário caminho é reconhecer que naqueles que nos ferem (ou feriram) há também bloqueios e mazelas. Se não nos amaram como desejávamos, não foi necessariamente por um ato deliberado, mas por uma história porventura ainda mais sufocante do que a nossa”, desenvolveu.

Para o futuro arcebispo português a pergunta que associa o perdão ao esquecimento “precisa de ser desconstruída”, uma vez que, “o esquecimento não é condição para o perdão”.

Pode-se perdoar mesmo aquilo que “não pode ser esquecido” , sublinhou, acrescentando que o perdão “é um ato unilateral de amor”.

“O nosso coração não tem de ser um mar gelado e implacável. A vida familiar está prometida a reflorescimento, a uma revitalização. Os nossos olhos enamorados nasceram para avistar não a cinza dos crepúsculos, mas os novos céus e a nova terra”, desenvolveu.

O encontro internacional tem como tema ‘Reconciliação, sinal de amor’ e, desde terça-feira, D. José Tolentino tem refletido sobre um versículo da também conhecida como parábola do Pai misericordioso que “lança uma luz curiosa” sobre o “grande laboratório de vida e de construção” que é a família.

“Nenhuma família permanece estática todo o tempo. E isso porque a família não é uma ideia, mas tem o dinamismo concreto e irrequieto da experiência”, assinalou.

O futuro arcebispo português realçou que a família “não fica congelada numa imagem” mas “vive a desenhar-se e a reconfigurar-se permanentemente”.

D. José Tolentino Mendonça, que acompanha o movimento de casais há 28 anos, realçou que “as próprias crises fazem parte do percurso do amor” e, se trazem “turbulência e sofrimento”, também são “oportunidades para mergulhar mais profundamente na sua realidade”.

“O importante é não desanimar. O importante é não confundir a etapa com a totalidade do caminho”, acrescentou o próximo arquivista e bibliotecário da Santa Sé.

Para o sacerdote “as experiências de crise” quando são vividas em casal e em família podem tornar-se “experiências de reforço do projeto comum” e possibilitam que se escute a vida “para lá da aparência”.

As duas próximas meditações de D. José Tolentino Mendonça são dedicadas à “misericórdia” – «O pai viu-o e encheu-se de compaixão» – e à “festa” – «Este teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido», respetivamente esta sexta-feira e sábado, último dia do 12.º Encontro Internacional das Equipas de Nossa Senhora.

CB

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Agência ECCLESIA

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